quarta-feira, 28 de maio de 2008

Duarte, publiquei este teu texto aqui no blog, espero que nao te importes, Abraço
Francisco Varela Cid

Pelo meu irmão.Tive a pior noticia que alguém pode ter na vida. A morte de um familiar, um familiar muito próximo, um irmão. O António morreu na madrugada de sábado, dia 24 de Maio de 2008, num acidente de mota. Numa fracção de segundo o mundo abana, uma vida acaba e outras pensam em acabar.É nestas alturas que se pensa nas pequenas coisas que têm grande importância, e nos grandes acontecimentos que nesta altura nada contam. São pequenas coisas como dizer aquelas palavras amigas a uma pessoa de quem nós chamamos de puto. Um puto que não merecia, um puto que merecia viver, o meu puto… o mesmo puto a quem ontem dizia que se não se calasse levava uma sova, é o mesmo puto por quem eu morria e por quem matava ontem, hoje e amanhã. É nestas alturas que uma pessoa sente o respeito pela vida.Existe um sentimento de revolta, um sentimento de que afinal não acontece só aos outros. É um sentimento que não desejo a ninguém, e hoje infelizmente posso dizer que compreendo o que muita gente já passou. É um assunto em quem ninguém pensa ou fala, mas de um momento para o outro, o meu irmão num jantar, eu a dormir, o meu irmão a dar uma volta de mota, e eu a acordar para não parar de chorar.Pensamos porque é que um rapaz que é bom aluno, desportista, filho e irmão exemplar, com namorada, um grande amigo nos deixa quando menos se espera. Resta-nos as fotografias em que o puto tinha aquele sorriso traquinas.Damos por nós a pensar o que é que se faz nestas alturas, o que é que se diz para reconfortar uma mãe desidratada pelas lágrimas, como se anima um pai que só pensa no nó da gravata que fez para o puto ir ao jantar, o que se diz a alguém quando não se consegue falar? Por isso escrevo, custa muito menos…No final ficam os bons momentos ou os momentos que por uma pequena razão nos marcam nesta altura, os risos, os atritos, os jogos de pés, os abraços, olhar e para ele e vê-lo a usar uma t-shirt que já foi minha, e que antes já tinha sido do meu irmão mais velho, os murros, os pontapés, os palavrões, gozar com o chinês dos morangos, ou apenas estar com ele…Como vêm são estas coisas de que me lembro agora, são estes pequenos momentos que vou guardar do meu irmão que nem tinha 17 anos.Quero acreditar que o puto está agora num sítio muito melhor e que está a tomar conta de nós.Acredito agora numa velha frase, “vive o teu dia como se fosse o último”… não podia ser mais verdade.Chorar é o melhor remédio e a única coisa que se pode fazer nesta altura, mas chega a uma altura que o choro acaba, há uma cama vazia, um armário com roupa por usar, um perfume, chamar um irmão e ele não responder…Se andarem de mota, de dia ou de noite, ao sol ou à chuva, tenham cuidado, não por mim, mas por vocês. O meu irmão infelizmente não foi o primeiro e provavelmente não será o último.Estou na esperança de acordar e tudo isto ser um pesadelo.Quero deixar este meu pequeno tributo ao meu irmão e esperar que compreendam se tiverem poucas noticias minhas nos próximos dias.Ele era e é o Faneca.Merece ser recordado…Grande abraço puto.ADORO-TE.

5 comentários:

Anónimo disse...

gostaria que publicassem este video no proximo post um grande abraco e força....

ass:JUVE http://www.youtube.com/watch?v=OpExb2hCYTs

Anónimo disse...

Não conheci o António, nem família ou amigos dele. Até sábado nunca tinha ouvido falar dele mas sábado à tarde dois amigos meus tiveram um acidente de mota e acho que senti por segundos o que vocês sentiram. Os meus amigos escaparam, um deles vai estar no hospital uns tempos mas vai recuperar. O medo que senti, durou pouco tempo... tenho agora muita pena pelo que vocês estão a passar e, duma pessoa que não vos conhece, quero pedir-vos que tenham muita força. Só todos juntos é que vão conseguir passar tudo isto.
O António vai cuidar de cada um de vocês.
Pissarra

Anónimo disse...

Não tive o prazer de conhecer o António, mas quando ouvi o que se passou na sexta, não pude deixar de pensar. É algo que afecta todos, mesmo os que não conheciam. Por isso não imagino o que estão a passar. Não há nada neste mundo que nos ensine a ultrapassar a dor destes momentos..não se sabe reagir, apenas vive-se. É tentar arranjar forças nos que nos rodeiam para superar a angústia. E as lembranças vão sempre permanecer connosco. Até ao dia em que nos encontrarmos. Grande força para a familia, amigos, namorada do António. Acho que nada pode ser dito numa altura destas. O António vai estar sempre cá, em cada um. Este blog vai ajudar a manter vivas as recordações dele, ainda bem que o fizeram.Bjs

Ines Lino disse...

Porque o antonio tem a melhor familia de sempre! muito obrigada por nos terem dado oportunidade de ter tido um amigo como ele.

Joana Leal Peixoto disse...

não há palavras...